amor, Cecília Meireles, Literatura, Literatura brasileira, Poemas

De longe te hei-de amar

De longe te hei-de amar - da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância. Do divino lugar onde o bem da existência é ser eternidade e parecer ausência. Quem precisa explicar o momento e a fragrância da Rosa, que persuade sem nenhuma arrogância? E, no fundo do mar, a Estrela,… Continuar lendo De longe te hei-de amar

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Biografia – Cecília Meireles

Escreverás meu nome com todas as letras, com todas as datas, e não serei eu. Repetirás o que ouviste, o que leste de mim, e mostrarás meu retrato, e nada disso serei eu. Dirás coisas imaginárias, invenções sutis, engenhosas teorias, e continuarei ausente. Somos uma difícil unidade, de muitos instantes mínimos, isso seria eu. Mil… Continuar lendo Biografia – Cecília Meireles

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Epigrama n. 2

És precária e veloz, Felicidade. Custas a vir e, quando vens, não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa: Fizeste para sempre a vida ficar triste: Porque um dia se vê que as horas todas passam, e… Continuar lendo Epigrama n. 2

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Onda

Onda Quem falou de primavera sem ter visto o teu sorriso, falou sem saber o que era. Pus o meu lábio indeciso na concha verde e espumosa modelada ao vento liso: tinha frescuras de rosa, aroma de viagem clara e um som de prata gloriosa. Mas desfez-se em coisa rara: pérolas de sal tão finas… Continuar lendo Onda

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Conheço a residência da dor

Conheço a residência da dor.É um lugar afastado,Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,Com umas imensas vigílias diante do céu.A dor não tem nome,Não se chama, não atende.Ela mesma é solidão:Nada mostra, nada pede, não precisa.Vem quando quer.O rosto da dor está voltado sobre um espelho,Mas não é rosto de corpo,Nem o seu espelho é… Continuar lendo Conheço a residência da dor

Cecília Meireles, Poemas

PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

Pergunto-te onde se acha a minha vida. Em que dia fui eu. Que hora existiu formada de uma verdade minha bem possuída Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada. E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida por esperanças hereditárias? E de cada pergunta minha vai nascendo a sombra imensa que envolve… Continuar lendo PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Não te Fies do Tempo nem da Eternidade

Não te fies do tempo nem da eternidade que as nuvens me puxam pelos vestidos, que os ventos me arrastam contra o meu desejo. Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te vejo! Não demores tão longe, em lugar tão secreto, nácar de silêncio que o mar comprime, ó lábio, limite… Continuar lendo Não te Fies do Tempo nem da Eternidade

Cecília Meireles, Literatura brasileira

Noções – Cecília Meireles

Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos. Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos. Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge. Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram. Virei-me sobre… Continuar lendo Noções – Cecília Meireles

Cecília Meireles, Poemas

Motivo da Rosa – Cecília Meireles

Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim. Rosas verás, só de cinzas franzida, mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe, o vento vai falando de mim. E por perder-me é que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho… Continuar lendo Motivo da Rosa – Cecília Meireles