Clarice Lispector, Crônicas, Escritos, Literatura brasileira

Respeito muito o homem que chora

Há um tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. Uma amiga perguntou-me, então, se não seria esse choro como o de uma criança com a angústia da fome. Era. Quando se está perto… Continuar lendo Respeito muito o homem que chora

Literatura, Literatura brasileira, Paulo Leminski, Poemas

O que quer dizer

O que quer dizer diz. Não fica fazendo o que, um dia, eu sempre fiz. Não fica só querendo, querendo, coisa que eu nunca quis. O que quer dizer, diz. Só se dizendo num outro o que, um dia, se disse, um dia, vai ser feliz. Paulo Leminski

Clarice Lispector, Escritos, Literatura, Literatura brasileira, Poemas

Amor com Incompreensão

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão… Continuar lendo Amor com Incompreensão

Carlos Drummond de Andrade, Literatura brasileira, Poemas

Necrológio dos Desiludidos do Amor

Os desiludidos do amor estão desfechando tiros no peito. Do meu quarto ouço a fuzilaria. As amadas torcem-se de gozo. Oh quanta matéria para os jornais. Desiludidos mas fotografados, escreveram cartas explicativas, tomaram todas as providências para o remorso das amadas. Pum pum pum adeus, enjoada. Eu vou, tu ficas, mas nos veremos seja no… Continuar lendo Necrológio dos Desiludidos do Amor

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Biografia – Cecília Meireles

Escreverás meu nome com todas as letras, com todas as datas, e não serei eu. Repetirás o que ouviste, o que leste de mim, e mostrarás meu retrato, e nada disso serei eu. Dirás coisas imaginárias, invenções sutis, engenhosas teorias, e continuarei ausente. Somos uma difícil unidade, de muitos instantes mínimos, isso seria eu. Mil… Continuar lendo Biografia – Cecília Meireles

Carlos Drummond de Andrade, Literatura brasileira, Poemas

Boca

Boca: nunca te beijarei. Boca de outro que ris de mim, no milímetro que nos separa, cabem todos os abismos. Boca: se meu desejo é impotente para fechar-te, bem sabes disto, zombas de minha raiva inútil. Boca amarga pois impossível, doce boca (não provarei), ris sem beijo para mim, beijas outro com seriedade. Carlos Drummond… Continuar lendo Boca

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Epigrama n. 2

És precária e veloz, Felicidade. Custas a vir e, quando vens, não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa: Fizeste para sempre a vida ficar triste: Porque um dia se vê que as horas todas passam, e… Continuar lendo Epigrama n. 2

Clarice Lispector, Escritos, Literatura brasileira

NÃO ENTENDER

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não… Continuar lendo NÃO ENTENDER

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Onda

Onda Quem falou de primavera sem ter visto o teu sorriso, falou sem saber o que era. Pus o meu lábio indeciso na concha verde e espumosa modelada ao vento liso: tinha frescuras de rosa, aroma de viagem clara e um som de prata gloriosa. Mas desfez-se em coisa rara: pérolas de sal tão finas… Continuar lendo Onda