dor, Florbela Espanca, Literatura, Literatura Portuguesa, Poemas

Sem Remédio

Aqueles que me têm muito amor Não sabem o que sinto e o que sou ... Não sabem que passou, um dia, a Dor À minha porta e, nesse dia, entrou. E é desde então que eu sinto este pavor, Este frio que anda em mim, e que gelou O que de bom me deu… Continuar lendo Sem Remédio

amor, Pablo Neruda, Poemas

Se Me Esqueceres

Quero que saibas uma coisa. Sabes como é: se olho a lua de cristal, o ramo vermelho do lento outono à minha janela, se toco junto do lume a impalpável cinza ou o enrugado corpo da lenha, tudo me leva para ti, como se tudo o que existe, aromas, luz, metais, fosse pequenos barcos que… Continuar lendo Se Me Esqueceres

Clarice Lispector, Escritos, Literatura, Literatura brasileira, Poemas

Amor com Incompreensão

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão… Continuar lendo Amor com Incompreensão

Literatura, Mia Couto, Poemas

SILVESTRE E O IDIOMA

Silvestre quer saber porque razão eu estrago o português escrevendo palavras que nem há. Não é a pessoa que escolhe a palavra. É o inverso. Isso eu podia ter respondido. Mas não. O tudo que disse foi: é um crime passional, Silvestre. É que eu amo tanto a Vida que ela não tem cabimento em… Continuar lendo SILVESTRE E O IDIOMA

amor, dor, Florbela Espanca, Literatura Portuguesa, Poemas, Solidão, Tristeza

Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida ... E a minha triste boca dolorida, Que dantes tinha o rir das primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida! E… Continuar lendo Lágrimas Ocultas

Carlos Drummond de Andrade, Literatura brasileira, Poemas

A HORA DO CANSAÇO

  As coisas que amamos, as pessoas que amamos são eternas até certo ponto. Duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade. Pensá-las é pensar que não acabam nunca, dar-lhes moldura de granito. De outra matéria se tornam, absoluta, numa outra (maior) realidade. Começam a esmaecer quando nos cansamos, e… Continuar lendo A HORA DO CANSAÇO

Carlos Drummond de Andrade, Literatura brasileira, Poemas

Necrológio dos Desiludidos do Amor

Os desiludidos do amor estão desfechando tiros no peito. Do meu quarto ouço a fuzilaria. As amadas torcem-se de gozo. Oh quanta matéria para os jornais. Desiludidos mas fotografados, escreveram cartas explicativas, tomaram todas as providências para o remorso das amadas. Pum pum pum adeus, enjoada. Eu vou, tu ficas, mas nos veremos seja no… Continuar lendo Necrológio dos Desiludidos do Amor

Desabafos, Escritos, Fábia Silvestre, Poemas

Se fosse possível

Se fosse possível Desconhecer Não conhecer Não reconhecer Deslembrar Esquecer Apagar Anular Retroceder para não encontrar Desencontrar. Se fosse possível voltar o tempo para não sentir Desapetecer Desconvidar Não aceitar Recusar Dizer não Rejeitar Negar Se fosse possível me desenganar Não amar Desencantar. Se fosse possível não ter sido Penso de um coração ferido Distração… Continuar lendo Se fosse possível

Cecília Meireles, Literatura brasileira, Poemas

Biografia – Cecília Meireles

Escreverás meu nome com todas as letras, com todas as datas, e não serei eu. Repetirás o que ouviste, o que leste de mim, e mostrarás meu retrato, e nada disso serei eu. Dirás coisas imaginárias, invenções sutis, engenhosas teorias, e continuarei ausente. Somos uma difícil unidade, de muitos instantes mínimos, isso seria eu. Mil… Continuar lendo Biografia – Cecília Meireles

Carlos Drummond de Andrade, Literatura brasileira, Poemas

Boca

Boca: nunca te beijarei. Boca de outro que ris de mim, no milímetro que nos separa, cabem todos os abismos. Boca: se meu desejo é impotente para fechar-te, bem sabes disto, zombas de minha raiva inútil. Boca amarga pois impossível, doce boca (não provarei), ris sem beijo para mim, beijas outro com seriedade. Carlos Drummond… Continuar lendo Boca